terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Dependência Química, Toxicomanias, Drogas

A questão do uso e abuso de substancias psicoativas é cada vez mais comum e recorrente na contemporaneidade - há muita oferta e muita procura.
Isto tanto das chamadas drogas legais, como alcool, cigarro e psicofarmacos, como das drogas ilegais, como Maconha, Cocaina, LSD, Crack, Heroina e outros.
Muitos falam de um uso "social" tanto de alcool, como de substancias "leves" como a maconha. Mas será que realmente existe um uso "ocasional" deste tipo de substancias?
Sim, sabemos que este termo é de uso recorrente em nossa linguagem, mas isto de certa forma banaliza um fato diferente: "estou precisando de estimulantes ou relaxantes quimicos para estar neste meio social.""esta substancia é minha apresentação e bilhete de entrada neste meio" "preciso de algo para suportar e lidar com esta situação"...
Em consultorios clinicos vemos cada vez mais o uso aleatório ou continuo de um ou mais substancias causadoras a medio-longo prazo de dependencia que cada vez mais se tornam ingredientes necessarios para suportar o dia-a-dia. Suportar o trabalho, os colegas de trabalho, a familia, os amigos, a balada, os rituais de conquista, as dificuldades, as frustrações, o sexo...
É de fundamental importancia perguntarmos, em cada caso singular: Qual é o lugar que esta droga ocupa? O que ela representa para este usuário e para o contexto no qual este se encontra?



Selecionou-se um texto da colega Verônica Barrozo do Amaral, que aborda de maneira pontual a questão da dependencia quimica:

Por que a Dependencia Quimica é uma Droga?    


Jornal do Brasil - Verônica Barrozo do Amaral
Há 6.000 anos já se fabricava cerveja na Mesopotâmia. Há 3.000 anos os sumérios cultivavam papoulas e fabricavam ópio. Desde que existe o álcool, existe o alcoolismo. Desde que existem drogas alteradoras do humor, existem os dependentes químicos.
Considerada durante milênios como fraqueza de caráter, a dependência química só foi reconhecida como doença na década de 1960. Primeiro, a Organização Mundial de Saúde definiu o alcoolismo como doença e logo depois estendeu esta classificação às outras drogas que alteram o humor.
Reconhecida como doença primária, não depende e não é consequência de outras doenças; ao contrário, o uso abusivo de álcool ou de drogas é que causa outras doenças. É uma doença que afeta o físico, o estado mental e as emoções. É crônica, progressiva e de terminação fatal, o que significa que se não for tratada causa a morte do indivíduo. Ocorre no mundo todo, geralmente numa taxa de mais ou menos 15% da população.
Por muito tempo o fator hereditário foi considerado o principal desencadeador, entre outros, dessa doença, mas hoje sabe-se que álcool, calmantes,drogas tradicionais e todas as novas drogas sintéticas que não param de aparecer precisam somente de quantidade e tempo de uso para que seja desenvolvida a dependência delas.
A sociedade geralmente faz uma grande diferença entre o alcoolismo e a dependência de outras drogas, legais e ilegais, mas a doença é a mesma, desenvolve-se do mesmo jeito, com os mesmos prejuízos sociais, familiares, emocionais e mentais, não importando qual o tipo de droga usada (sim, álcool é droga também). As poucas diferenças ocorrem na velocidade que a droga leva para causar prejuízos físicos e mentais, sendo que com o tempo todos os sistemas são afetados, assim como as relações familiares, sociais e de trabalho.
Mas, como é que decidiram então ser o consumo de drogas uma doença? Certamente não é só o médico ou o terapeuta olhar para o indivíduo e, pelo seu jeitão, concluir que é um dependente. Há critérios para o diagnóstico. É a ocorrência de pelo menos três destes sintomas, nos últimos doze meses, que determina se alguém sofre de dependência química ou não. Estes são os critérios listados pela Classificação Internacional de Doenças (CID), e valem eles para todo mundo, no mundo inteiro.
1. Um desejo forte ou senso de compulsão para consumir a droga.
2. Dificuldades em controlar o consumo da droga em termos de quando vai começar, quando vai terminar e de quanto vai usar.
3. Desejo persistente ou tentativa fracassada de diminuir o uso.
4. Tolerância: é a necessidade que a pessoa experimenta de aumentar cada vez mais a quantidade de drogas para obter o mesmo efeito.
5. Crise de abstinência: ocorre quando o uso é suspenso, ocorrendo então sintomas como tremor, ansiedade, irritabilidade e insônia.
6. Abandono progressivo de outras atividades. A pessoa passa a gastar boa parte do seu tempo na busca e no consumo das drogas e também para se recuperar de seus efeitos.
7. Apesar dos claros prejuízos físicos e psicológicos decorrentes do uso da droga, a pessoa persiste no uso.
Assim como a doença causada pelo abuso de drogas é a mesma, não importando qual a droga usada, o tratamento também segue o mesmo caminho. Existem alguns tipos de tratamentos, sendo o que utiliza uma grande quantidade de informação sobre a doença e sobre os efeitos emocionais da perda de controle do uso aliada a uma radical mudança de comportamento é o que mais alcança sucesso. Seja um dependente de álcool, de calmantes ou de crack, todos vão necessitar de abstinência, conscientização da doença e mudança de estilo de vida. A ajuda e o tratamento da família, que também é afetada, é muito importante para que se consiga alcançar sucesso.
Verônica Barrozo do Amaral é terapeuta e conselheira em dependência química na clínica Solar Day Care, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Material Informativo - Álcool e Drogas

  Ministério da Saúde - Aqui você encontra materiais de apoio construídos com base em conhecimentos científicos atualizados, que podem subsidiar iniciativas voltadas à prevenção e a recuperação de usuários de crack e outras drogas. 

LINK: 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Quitéria (Lucas Bronzatto) de Aline


Quitéria chora pela belezura que não está mais

no rosto no espelho que não olhava há 28 anos
aprisionada abandonada mutilada impregnada de haldol
de desprezo de desgosto chora quando lembra que era
apaixonada por quem era nem lembra quem era

nem o que é paixão no chão grita se desespera
espera por uma vida nova nem lembra o que é vida o que é sábado
não sabe de onde veio essa velha o que é vela o que é aniversário
onde revela o velho negativo com seu rosto apagado

da memória da família onde nunca coube
Quitéria chora e agora a hora é de recomeçar
Cavocar no que restou da Quitéria que não tem belezura
no rosto no espelho só tem as marcas cicatrizes olheiras e sulcos
facetas da injustiça que o Sistema cravou pra sempre na sua face
usando mãos que fazem de letras ilegíveis lucros

lobbies e livraimes desses males o mais rápido possível
apagando pouco a pouco o muito que há dentro
de quitérias, joaquins, beneditas, severinos, siclanos, beltranos
fulanos fumando, bebendo, gritando, chorando, sofrendo;
usando roupas coloridas demais, de menos, tirando a roupa

no meio da rua se indignando, amando demais, de menos
calando todos.
calabocas injetáveis
calabocas comprimidos
calabocas em gotas com gosto de tutti-frutti

--

Esse poema é inspirado em uma das histórias de usuários dos serviços de saúde mental, que aconteceu em São Bernardo do Campo - SP, município onde trabalho. Eu não vivi, mas me contaram e eu tentei expressar o que me cortou a carne em um poema.

Quitéria (nome fictício) morou por muitos anos no hospital psiquiátrico existente na região. Foi retirada de lá para morar em uma Residência Terapêutica, um serviço substitivo ao hospital psiquiátrico, uma casa onde mora com outros portadores de transtornos mentais, parte deles ex-moradores de hospitais psiquiátricos. Momentos depois de chegar na casa em que ia morar, Quitéria desabou em lágrimas, chorava e gritava desesperadamente. Gritava que queria de volta sua belezura, que tinha perdido sua belezura. Como em quase todas as casas, diferente das prisões e hospitais psiquiátricos, lá tinha um espelho e Quitéria se olhou no espelho depois de quase 30 anos e não se viu mais. Seu rosto mudou e sua belezura se foi depois de tantos anos de prisão.

Quitéria é só uma das muitas e muitos que perderam sua identidade nos hospitais psiquiátricos de nosso país e de tantos outros países. Há muita gente disposta a lidar com a saúde mental de outra forma, sem exclusão, é longa a trajetória da Luta Antimanicomial no Brasil e no Mundo, e também já há um tempo existe a Lei da Reforma Psiquiátrica, que vem para reorientar a atenção dada a estes usuários, regulamentado a criação de novos serviços como a Residência Terapêutica, os CAPS, Centros de Convivência (uma busca no google e você acha!). 
Afinal, como dizem, de perto ninguém é normal...

Quitéria (Lucas Bronzatto) de Aline


Quitéria chora pela belezura que não está mais

no rosto no espelho que não olhava há 28 anos
aprisionada abandonada mutilada impregnada de haldol
de desprezo de desgosto chora quando lembra que era
apaixonada por quem era nem lembra quem era

nem o que é paixão no chão grita se desespera
espera por uma vida nova nem lembra o que é vida o que é sábado
não sabe de onde veio essa velha o que é vela o que é aniversário
onde revela o velho negativo com seu rosto apagado

da memória da família onde nunca coube
Quitéria chora e agora a hora é de recomeçar
Cavocar no que restou da Quitéria que não tem belezura
no rosto no espelho só tem as marcas cicatrizes olheiras e sulcos
facetas da injustiça que o Sistema cravou pra sempre na sua face
usando mãos que fazem de letras ilegíveis lucros

lobbies e livraimes desses males o mais rápido possível
apagando pouco a pouco o muito que há dentro
de quitérias, joaquins, beneditas, severinos, siclanos, beltranos
fulanos fumando, bebendo, gritando, chorando, sofrendo;
usando roupas coloridas demais, de menos, tirando a roupa

no meio da rua se indignando, amando demais, de menos
calando todos.
calabocas injetáveis
calabocas comprimidos
calabocas em gotas com gosto de tutti-frutti

--

Esse poema é inspirado em uma das histórias de usuários dos serviços de saúde mental, que aconteceu em São Bernardo do Campo - SP, município onde trabalho. Eu não vivi, mas me contaram e eu tentei expressar o que me cortou a carne em um poema.

Quitéria (nome fictício) morou por muitos anos no hospital psiquiátrico existente na região. Foi retirada de lá para morar em uma Residência Terapêutica, um serviço substitivo ao hospital psiquiátrico, uma casa onde mora com outros portadores de transtornos mentais, parte deles ex-moradores de hospitais psiquiátricos. Momentos depois de chegar na casa em que ia morar, Quitéria desabou em lágrimas, chorava e gritava desesperadamente. Gritava que queria de volta sua belezura, que tinha perdido sua belezura. Como em quase todas as casas, diferente das prisões e hospitais psiquiátricos, lá tinha um espelho e Quitéria se olhou no espelho depois de quase 30 anos e não se viu mais. Seu rosto mudou e sua belezura se foi depois de tantos anos de prisão.

Quitéria é só uma das muitas e muitos que perderam sua identidade nos hospitais psiquiátricos de nosso país e de tantos outros países. Há muita gente disposta a lidar com a saúde mental de outra forma, sem exclusão, é longa a trajetória da Luta Antimanicomial no Brasil e no Mundo, e também já há um tempo existe a Lei da Reforma Psiquiátrica, que vem para reorientar a atenção dada a estes usuários, regulamentado a criação de novos serviços como a Residência Terapêutica, os CAPS, Centros de Convivência (uma busca no google e você acha!). 
Afinal, como dizem, de perto ninguém é normal...

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

MS amplia assistência na rede de atenção psicossocial


No Dia Mundial de Combate às Drogas, celebrado nesta terça-feira (26), o Ministério da Saúde comemora os avanços conquistados na rede atenção psicossocial nas cinco regiões do País. Em dezembro do ano passado, o Governo Federal lançou o programa “Crack, é possível vencer”, que prevê investimentos de R$ 4 bilhões de reais até R$ 2014, sendo R$ 2 bilhões destinados ao eixo da saúde.
O programa deve criar mais de 13 mil novos leitos pelo Brasil, 175 Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), 399 Consultórios nas Ruas, 403 Unidades de Acolhimento (destinadas ao público adulto e infantil), quase 4 mil leitos em enfermarias especializadas. O Ministério da Saúde também aumentou em R$ 213 milhões o financiamento dos CAPs existentes no país, além de criar parcerias com comunidades terapêuticas.
A rede de atendimento em equipamentos diferenciados é uma das premissas da Rede Conte com a Gente, criada pelo Ministério da Saúde para atender pessoas com distúrbios psíquicos ou com problemas de dependência química. “Não existe método único de tratamento. É por isso que ressaltamos a importância deste atendimento diferenciado, atendendo cada cidadão de acordo com suas peculiaridades, tratando cada indivíduo de acordo com a necessidade. É isso que o atendimento em rede preza e procura fazer”, explica o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Quatro estados já fecharam ação integrada ao programa “Crack, é possível vencer”: Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e Alagoas. Nas demais unidades da Federação o Ministério da Saúde tem realizado reuniões técnicas para agilizar a adesão ao plano. “Isso permitirá permite que as ações sejam planejadas em parcerias com secretarias estaduais e municipais, envolvendo todas as esferas governamentais e controle social no programa”, destaca o ministro.
Além do Ministério da Saúde, fazem parte do programa o Ministério da Justiça, da Educação e do Desenvolvimento Social.
Ouça a matéria da Web Rádio Saúde

Baixar arquivo mp3

Fonte: Zeca Moreira /Agência Saúde

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Cartilha conscientiza sobre epilepsia


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Links da Saúde Mental


Dados do Ministério da Saúde apontam que:

- 12% da população necessita de algum atendimento em saúde mental, seja ele contínuo ou eventual;
- 6% da população apresenta transtornos psiquiátricos graves decorrentes do uso de álcool e outras drogas;
- 3% da população geral sofre de transtornos mentais severos e persistentes;
- 2,3% do orçamento anual do SUS é gasto com saúde mental.

A depressão grave é atualmente a principal causa de incapacitação em todo o mundo e situa-se em quarto lugar entre as dez principais causas da carga patológica mundial.
No ano de 2001, a OMS publica seu Relatório com o tema “Saúde Mental: nova concepção, nova esperança”, cujo lema é : “Cuidar Sim, Excluir Não” recomendando a integração da saúde mental nos serviços gerais de saúde, principalmente no nível da atenção primária.
O Estado do Paraná está organizado em 22 micro-regiões que têm nas Regionais de Saúde a instância administrativa intermediária mais próxima aos municípios. Por meio delas, o Estado exerce seu papel de apoio e cooperação técnica junto aos municípios na identificação de suas demandas e na busca de respostas às questões do setor saúde, proporcionando um grau de responsabilização nas ações e controle dos serviços, tanto junto ao poder público quanto em relação à participação da sociedade.
Os serviços assistenciais são de responsabilidade municipal, cabendo ao Estado, em seu papel regulador, a incumbência de estimular a criação de políticas municipais em consonância com a Reforma Psiquiátrica, articular as negociações regionalizadas, fiscalizar (controle, avaliação e acompanhamento) e oferecer suporte técnico às equipes.
A Política Estadual de Saúde Mental segue os princípios e diretrizes do SUS: universalização do acesso, integralidade da atenção, eqüidade, participação e controle social, descentralização da gestão, hierarquização dos serviços; respeita as diretrizes da Reforma Psiquiátrica Brasileira de Inclusão social e de habilitação da sociedade para conviver com a diferença e as Leis Federais: Lei nº 10216 - De 06 de abril de 2001Lei nº 10.708- De 31 de julho de 2003 e Lei Estadual nº. 11.189 - De 9 de novembro de 1995, que garantem os direitos das pessoas com transtornos mentais e priorizam a construção de uma rede de atenção integral em saúde mental.
As ações de saúde mental deverão ser estruturadas a partir da realidade micro regional, observando-se a estruturação do sistema de referência e contra-referência, a porta de entrada do sistema e a rede de assistência de retaguarda, de acordo com as estruturas propostas nesta política. Portanto, cada município deverá desenvolver seu programa de saúde mental tendo em sua estrutura uma equipe de saúde mental e uma rede de serviços de referência, que pode ser local ou regionalizada.

Veja também:
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/area.cfm?id_area=925

http://www.saude.df.gov.br/005/00502001.asp?ttCD_CHAVE=6839

http://www.nhu.ufms.br/Bioetica/Textos/Sa%C3%BAde%20Mental/SA%C3%9ADE%20MENTAL%20NO%20SUS.pdf

http://www.mp.rj.gov.br/portal/page/portal/Internet/Cidadao/Projetos/Modulo_Saude_Mental/Cartilha_MP_e_tutela_saude_mental/cartilha_saude_mental_versao_final.pdf

sábado, 29 de setembro de 2012

Caps ll Porto Seguro - Homenagem aos pacientes

Equipe Caps ll Porto Seguro. Composição em homenagem aos pacientes.
"Louco é quem pensa que é normal"




Equipe do Caps musicando a poesia contruída no grupo psicoterapêutico de mulheres em novembro de 2011. Letra: 
"No meio de tanta catástrofe, furacões
Caminhos sem saída, confusões
Barreiras negativas que não saem
Às vezes chegando ao fundo do poço.
Apesar de toda dificuldade a gente vê
A clareza do caminho infinito, você vai ver.
O CAPS é uma família,
Muitas flores, nova vida
Encontro com a realidade.
Como é bom ver o sol brilhando para todos
Despertando a criança sorrindo dentro de nós"

Link do vídeo:
Caps ll Porto Seguro - Música em 2011


segunda-feira, 7 de maio de 2012

Carta da “Frente Estadual Antimanicomial – São Paulo”

http://antimanicomialsp.wordpress.com/about/

Carta da Frente – Adesões

Carta da “Frente Estadual Antimanicomial – São Paulo”
Nós da “Frente Estadual Antimanicomial – São Paulo” nos propomos a congregar e acolher os diversos movimentos e entidades do campo da saúde, saúde mental, e outras áreas. Reafirmamos os compromissos e propostas da “Carta de Bauru” (Bauru, 1987), do “Relatório Final da IV Conferência Nacional de Saúde Mental – Intersetorial” (Brasil, 2011), “Carta de Carapicuíba” (Carapicuíba, 2011), “Carta de Santos” (Santos, 2011) e da  “Carta de Serra Negra” (Serra Negra, 2011).
Propomos avançar na Reforma Sanitária e na Reforma Psiquiátrica Antimanicomial no Estado, defendendo o direito à saúde a partir dos princípios do SUS, discutindo e apresentando proposições e ações frente aos desafios da atualidade.
Os movimentos de Reforma Psiquiátrica, Reforma Sanitária e Luta Antimanicomial, como muitos outros Movimentos Sociais, marcaram o século XX e início do XXI com propostas de construção de uma sociedade democrática, com a garantia de direitos sociais e transformação da atenção pública em saúde e saúde mental no Brasil.
Atualmente, encontram-se em implementação no território brasileiro redes de serviços substitutivos de atenção em saúde mental e diversas iniciativas intersetoriais nos campos do trabalho e da cultura. E, certamente, uma das principais conquistas da Reforma Psiquiátrica Antimanicomial tem sido a de afirmar, garantir e restituir os direitos dos usuários, dos familiares e da comunidade, buscando garantir seu protagonismo e a participação popular.
O Relatório Final da “IV Conferência Nacional de Saúde Mental Intersetorial”, realizada em julho de 2010, após 359 conferências municipais e 205 regionais, com a participação de cerca de 1200 municípios e aproximadamente 46.000 pessoas, reafirma os princípios e diretrizes da Reforma Psiquiátrica Antimanicomial. Apresenta um conjunto significativo de propostas para enfrentar os desafios atuais, trazer avanços à Política Nacional de Saúde Mental e às  articulações intersetoriais e, do mesmo modo, contribuir para o fortalecimento de políticas sociais, tais como: direitos humanos, assistência social, habitação, educação, cultura, trabalho e economia solidária.
O Governo do Estado de São Paulo marcou seu retrocesso ao se recusar a participar da “IV Conferência Nacional de Saúde Mental Intersetorial”. No entanto, movimentos sociais associados ao Conselho Estadual de Saúde fizeram frente a essa omissão autoritária e conseguiram organizar a “Plenária Estadual de Saúde Mental Intersetorial”, realizada em São Bernardo do Campo.
Esse posicionamento do Governo do Estado de São Paulo evidencia uma oposição à Reforma Psiquiátrica Antimanicomial e o descaso com princípios do Sistema Único de Saúde, o Controle Social e a participação popular.   Isto evidencia o investimento de ações e serviços distantes dos princípios da Reforma Sanitária e Psiquiátrica Antimanicomial: Unidade Experimental de Saúde, Comunidades Terapêuticas, Ambulatórios Médicos de Especialidades – AME Psiquiatria. Destacamos que o governo desse estado vem transferindo sua responsabilidade de gestão e oferta de serviços SUS para terceiros como as Organizações Sociais, colocando interesses privados acima dos públicos.
Defendemos a extinção definitiva de toda e qualquer forma de internação de cidadãos com sofrimento psíquico em hospitais psiquiátricos ou em quaisquer outros estabelecimentos de regime fechado, como uma das formas de enfrentar o estigma e a segregação das pessoas em sofrimento psíquico e primar pela garantia dos direitos humanos.
Consideramos as seguintes prioridades para o avanço da Reforma Sanitária e da Reforma Psiquiátrica Antimanicomial:
  • Que o usuário de serviço de saúde mental não seja reduzido a um diagnóstico, devendo ser considerado como sujeito de direitos;
  • O reconhecimento do protagonismo de usuários e familiares para a construção de políticas públicas de saúde mental e intersetoriais;
  • A garantia do direito à saúde por meio de ações intersetoriais que visem à integralidade da atenção, com horizontalidade nas relações profissionais, a partir de equipes e serviços interdisciplinares;
  • Implementar, ampliar e fortalecer as redes territoriais de atenção à saúde mental com diversos serviços substitutivos, estreitando relações com importantes frentes de luta e cuidado: direitos humanos, assistência social, educação, moradia, trabalho e economia solidária;
  • Entender e considerar a política de atenção a usuários de álcool e outras drogas como parte integrante das ações em saúde mental devendo respeitar os mesmos princípios da Reforma Psiquiátrica Antimanicomial, em que a centralidade está na construção de projetos terapêuticos singulares;
  • Fechamento de todos os leitos de Hospitais Psiquiátricos, destinando seus recursos de acordo com a Portaria 106/2000 e garantindo a criação da rede substitutiva;
  • Extinção de toda e qualquer forma de internação de cidadãos em sofrimento psíquico em hospitais psiquiátricos, comunidades terapêuticas, manicômios judiciários e em quaisquer outros estabelecimentos de regime fechado;
  • Criação de leitos em hospitais gerais previstos na Lei 10.216;
  • O fechamento imediato da Unidade Experimental de Saúde, considerando essa como uma afronta aos Direitos Humanos, à Reforma Sanitária e à Reforma Psiquiátrica Antimanicomial;
  • Retirar os investimentos públicos de Comunidades Terapêuticas, entendendo que estas se apresentam como equipamentos contrários à Reforma Psiquiátrica Antimanicomial, representando a volta dos manicômios e da assistência baseada na exclusão social;
  • Ampliar os investimentos na implementação de redes de atenção comunitária à saúde mental;
  • Garantir que todos os moradores mapeados pelo “Censo Psicossocial dos Moradores em Hospitais Psiquiátricos do Estado de São Paulo”, sejam desinternados e desinstitucionalizados, e, quando necessário, possam morar em residências terapêuticas;
  • Implementar Casas de Acolhimento Transitório e moradias solidárias vinculadas às redes de saúde mental, contemplando também a população em situação de rua;
  • Implementar, ampliar e fortalecer ações intersetoriais para garantir  os direitos sociais para a população em situação de rua;
  • Garantir a efetivação dos consultórios de rua e o fortalecimento das políticas de Redução de Danos;
  • Garantir a eliminação da dupla porta no SUS;
  • Revogação a Lei Estadual 1131/2010 que permite ao Estado vender 25% das vagas de serviços SUS para os Planos de Saúde Privados e particulares, cerceando os direitos dos usuários do SUS e atacando diretamente os princípios do SUS;
  • Respeitar e fortalecer os espaços e instâncias de controle social (Conselhos, Conselhos Gestores, Conferências) como espaços de proposição, fiscalização e acompanhamento das políticas de saúde e de saúde mental em suas áreas de abrangência.
 Em defesa do SUS, Por uma Reforma Psiquiátrica Antimanicomial, por uma Sociedade sem Manicômios!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Caps Cabralia na mídia, on-line!!!

  • Uma pessoa individualista, ou seja, que aprendeu a se reconhecer, a se bastar e vive muito bem com a própria companhia porque realmente lhe faz bem, não sente necessidade de buscar no outro algo que lhe falta.
    Já uma pessoa egoísta, também chamado de "falso individualista", tenta passar a impressão de ser expansivo e auto-suficiente, porém não consegue ficar sozinho consigo mesmo, necessita suprir suas carências através do outro (Ex: Uma pessoa que ao terminar um relacionamento já inicia uma nova relação).
    O verdadeiro individualista nem sempre é sociável porque não necessita da aceitação do outro para sobreviver, sabe diferenciar o que é seu e o que é do outro e com isso suas relações são muito mais verdadeiras e qualitativas. O individualista quando se propõe a ajudar as pessoas não faz buscando algo em troca ou reconhecimento, o faz por amor e por querer o bem do outro!Quando 2 pessoas se "completam", ou seja, trata-se de duas metades e não de 2 inteiros, então podemos dizer que se trata de uma relação de 2 egoístas, pois um depende do outro, um necessita do outro e delega a responsabilidade de sua própria felicidade ao outro. Já numa relação de 2 inteiros, ou seja, duas pessoas individualistas, essa relação é baseada no respeito mútuo e ambos somam um ao outro, não se completam e não se prejudicam, pois sabem que cada um é responsável pela sua própria felicidade e não atribui ao outro as suas frustrações. Para poder aprender a lidar com o outro, é preciso aprender a conhecer aquele que nos habita internamente! (Silvia Helena Molina)

    Se você é capaz de ser feliz quando você está sozinho, você aprendeu o segredo de ser feliz.

    OSHO

    · · · há 3 minutos
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    · · · · há 3 horas