sexta-feira, 5 de julho de 2013

Vamos iniciar as Manifestações da Saúde?

ATENDENDO AOS PEDIDOS de profissionais de saúde que desejam se manifestar por melhores condições de trabalho, vou iniciar meu protesto, em benefício da população.
Comecei minha atuação no Caps de Cabrália em janeiro de 2009, como Supervisor, depois como preceptor de estagiários da Faculdade de Ciências Médicas da Bahia e, desde 08/2010, comecei a atuar na assistência. Vou procurar relatar a forma como as condições de trabalho foram mantidas com precariedade apesar dos pedidos, pressões e denúncias tanto à Secretaria de Saúde do Estado da Bahia como ao Ministério da Saúde.
Chegamos, finalmente, à promotoria e mídia, no intento de conseguir alcançar as reivindicações necessárias.
De minha parte, tive várias ações e projetos "travados", "engavetados", como venho relatando, comentando e registrando na internet.
Já realizei várias visitas domiciliares com meu veículo e combustíveis pessoais sem ressarcimento, também usei o coleguismo com médicos para interceder clinicamente por usuários do Sus, para que prescrevessem medicações controladas em uso regular, quando o Caps ficou sem médicos para prescrever medicações.
Já desenvolvi muitas vezes, várias tarefas inerentes à outras profissões para facilitar o andamento do serviço e, pelo bem-estar e saúde das pessoas, das quais não pretendo me vangloriar, pois sou indigno de me vangloriar. Ressalto, no entanto, que todos tem um limite e que trabalhar sob condições precárias por tempo prolongado faz as pessoas ficarem desmotivadas e adoecerem emocionalmente (Síndrome de Burnout).
Precisamos saber o momento de dizer não e dar um basta.
O que estamos fazendo é uma batalha, um enfrentamento por DIREITOS, por LIBERDADE, de poder prestar um serviço de qualidade, de acordo com as normas, princípios corretos e estudos consagrados.
Essa é uma luta para fazer vigorar os códigos de ética da enfermagem e de outras profissões.
O Promotor de S. C. Cabrália está incentivando os servidores que estão se sentindo vítimas de assédio, bullyng ou todo tipo de violação de direitos a procurarem o Ministério Público e relatarem as ocorrências para registro. É necessário coragem para fazer isso. A Promotoria também lembra que existe um processo de assédio moral contra a Prefeitura, assim como outros processos, tramitando em Salvador e o momento para esse tipo de ação é este, é agora.
A exemplo do que tenho vivido, desde 2009, procuro garantir junto aos gestores direitos básicos dos cidadãos, sem sucesso, sofrendo tentativas de retaliação em virtude disso.
O que considero mais comprometedor é a falta de medicamentos e de um profissional da área farmacêutica no Caps. Já estou esgotado de tanto dar explicações aos usuários de medicações especiais controladas, pois o sistema funciona normalmente por poucos dias, ficando comprometido ou por falta da medicação em si por problemas de fornecimento, ou por falta de quem controle e reponha os estoques no Caps ou por falta de médico que prescreva os medicamentos.
Quantas situações que já me fizeram ficar penalizado e compadecido como Cristão, por famílias carentes que mal tinham dinheiro para o transporte até a unidade e ainda precisaram ficar indo de um lugar para outro, para conseguir receitas ou buscar ou comprar medicamentos especiais.
Que situação delicada, cidadãos!
Chega um momento em que os servidores cansam de dizer não.
"Não temos esse medicamento"
"Não temos médico clínico"
"Não podemos marcar para a psiquiatra antes de 25 ou 30 dias, pois a agenda está cheia"
"Não temos material de curativo"
"Não colhemos sangue para exame de sangue nem preventivos, somente nos PSF's."
"Não podemos imprimir seu documento, pois estamos sem tinta na impressora."
"Não podemos fazer o ofício, nem realizar as oficinas de inclusão digital, nem pesquisas importantes, nem a execução de nossas atividades automatizadas, pois estamos sem computador ou internet"
"Não podemos realizar visitas, pois estamos sem carro ou combustível"
"NÃO, NÃO e, não adianta insistir, pois "NÃO TEMOS" ou "NÃO DEPENDE DE NÓS" ou "ESTAMOS SEGUINDO ORDENS".
Em resumo: "NÃO, NÃO E NÃO."
Esse é o meu humilde manifesto.
Assim como muitos internautas, optei por ainda não sair às ruas e assistir alguns atos de vandalismo, mas também não me escondo de minha cidadania, deixando aqui meu protesto, como um profissional, apenas um entre muitos que sofrem por falta de condições de trabalho e por ser obrigado a pronunciar tantas vezes o "não".
Enf. Diego Leal

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