FACULDADES INTEGRADAS DO EXTREMOS SUL DA BAHIA
Aluno: Francisco Hélio Oliveira Júnior
8º Período de Enfermagem
Disciplina: Saúde Mental 2
Profº Diego da Rosa Leal
SISTEMATIZAÇÃO DE ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO CLIENTE PORTADOR DE ANSIEDADE GRAVE
A ansiedade, consiste em uma espécie de síndrome de distúrbios psicológicos que podem ser somatizados ou não, a depender do grau em que a mesma se manifesta. As manifestações da ansiedade incluem geralmente intranquilidade, medo sem causas aparentes, insônia, dificuldade de concentração, dentre outras. Os sintomas relacionados à somatização da ansiedade encontram-se relacionados principalmente aos sistemas cardiovascular e respiratórios, que por sua vez possuem estreita relação com o sistema adrenérgico do organismo.
Algumas literaturas abordam a ansiedade como um único diagnóstico, já outras literaturas abordam essa problemática como um conjunto de sintomas interrelacionados e recíprocos. Logo abaixo serão explicitadas sistematizações de enfermagem para clientes com distúrbios de ansiedade grave.
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM COM PLANOS DE AÇÕES
ANSIEDADE GRAVE
Relacionada à déficits nas respostas de enfrentamento pessoal, evidenciada por inquietação, dificuldades de concentração, medo intenso e patológico, palpitações, taquicardia, sudorese, fatores que levam ao retraimento social.
Planejamento 1: avaliar o nível e ansiedade desse paciente.
Plano de ações 1:
Investigar as possíveis causas da ansiedade, se atentando para ouvir pacientemente o cliente, sem críticas ou comportamentos desaprovadores.
Essa investigação deverá ser de forma educada, transmitindo confiança ao cliente, para que o mesmo não se sinta ameaçado diante da imagem do profissional.
Rever a história familiar/ os fatores psicológicos, os fármacos prescritos em uso e a história de fármacos utilizados recentemente (p. ex. fatores depressivos genéticos. História de distúrbios da tireoide, desequilíbrios metabólicos, doença pulmonar, anemia, arritmias, uso de corticoides, fármacos para tireoide e moderadores do apetite; e uso abusivo de substâncias).
Identificar a percepção do cliente quanto à ameaça representada pela "situação".
Observar os comportamentos sugestivos da ansiedade. O enfermeiro cuidador deve estar consciente dos seus próprios sentimentos de ansiedade ou inquietude, que podem ser um indício para determinar o nível de ansiedade do cliente.
Monitorar as respostas físicas por exemplo palpitação, pulsos rápidos, movimentos repetitivos e ritmados.
Avaliar o uso que o cliente faz de seus mecanismos de defesa.
Analisar o uso que o cliente faz das estratégias adaptativas.
Planejamento 2: Ajudar o cliente a reconhecer os sentimentos relacionados à ansiedade e começar a lidar com seus problemas.
Plano de ações 2:
Mostrar-se disponível para ouvir e conversar com o cliente.
Estimular o cliente a reconhecer e expressar seus sentimentos, como por exemplo, chorar (tristeza), rir (medo, negação), praguejar (medo, raiva).
Ajudar o cliente a desenvolver a autopercepção dos comportamentos verbais e não-verbais.
Auxiliar esclarecendo o significado dos sentimentos/ações fornecendo feedback e confirmando seus significado com o cliente.
Reconhecer a ansiedade/medo. Não negar ou tranquilizar o cliente dizendo que tudo ficará bem. Deve se estimular o cliente a resolver seus problemas.
Fornecer informações precisas quanto à situação. Isso ajuda o cliente a reconhecer o que é real.
Controlar os fatores ambientais como iluminação irritante e tráfego externo ruidoso, que podem gerar confusão/estresse nos indivíduos.
Ajudar o cliente a utilizar a sua ansiedade para enfrentar a situação.
Quando houver estado de pânico:
Permanecer junto ao paciente e manter uma conduta tranquila e confiante.
Falar por meio de frases curtas e palavras simples.
Assegurar um ambiente acolhedor e consistente.
Estabelecer limites ao comportamento inadequado e ajudar o cliente a desenvolver mecanismos aceitáveis para lidar com a ansiedade.
Aumentar gradativamente as atividades e interações interpessoais, à medida que a ansiedade diminui.
Ajudar o cliente a enfocar e corrigir as interpretações catastróficas dos sintomas físicos.
Administrar ansiolíticos conforme prescrição e quando extremamente necessário.
ADAPTAÇÃO PREJUDICADA
Relacionada à intolerância do cliente diante do estresse, evidenciada pela incapacidade de alcançar a sensação de controle ideal.
Planejamento 1: primeiramente avaliar o grau do prejuízo de adaptação do cliente.
Plano de ações 1:
O enfermeiro deve ouvir atentamente e pacientemente a descrição da percepção do cliente quanto à incapacidade ou relutância em adaptar-se à situações que estão ocorrendo no momento, sejam elas reais ou virtuais.
Investigar os sistemas de apoio que o cliente possui, ou já possuiu no passado, seja a família, comunidade ou grupos de trabalho, para identificar quais desses recursos podem ser utilizados para promover uma melhor adaptação do cliente à sua vida social, ou seja, promover um cuidado integrado juntamente com os envolvidos na vida desse cliente.
Planejamento 2: identificar os fatores causadores ou contribuintes desse estresse.
Plano de ações 2:
Ouvir o relato do paciente quanto aos fatores que ele acredita, acarretar a situação do estresse, com ênfase no início, na duração, na presença ou na ausência de queixas físicas ou na retração social.
Rever as experiências de vida e as alterações de papéis junto com o cliente para determinar as habilidades de enfrentamento utilizadas.
Rever os registros e os recursos disponíveis para determinar as experiências atuais de vida (p.ex: prontuários médicos, declarações dos familiares, anotações de outros profissionais que já prestam assistência ao cliente). Nas situações de grande estresse físico e emocional, o cliente pode não ser capaz de avaliar precisamente os fatos que resultaram na condição atual, o que ocorre com frequência em clientes vítimas de ansiedade grave.
Planejamento 3: ajudar o cliente a lidar com seu estresse.
Plano de ações 3:
Organizar reuniões multi e interdisciplinares (juntamente com a família do cliente) para enfocar os fatores que contribuem para a adaptação prejudicada do cliente e planejar juntos a solução dos problemas.
Reconhecer os avanços que o cliente demonstrar na busca de seu autocontrole. Ouvir as expressões de sentimentos de censura, culpa e as respostas defensivas.
Assegurar um ambiente acessível que estimule a comunicação, de modo que a expressão dos sentimentos acerca da disfunção possa ser tratada realisticamente.
Utilizar as habilidades de comunicação terapêutica, através de uma escuta atenta e sensível, reconhecimento, silêncio, afirmações).
Discutir e reavaliar os recursos que foram úteis ao cliente para adaptar-se a alterações em outras situações de vida como por exemplo orientação vocacional, experiências profissionais, serviços de apoio psicossocial.
Desenvolver com o cliente um plano de ação que envolva outros profissionais e familiares para atender as necessidades imediatas do cliente como segurança física, higiene e suporte emocional. Essa medida estabelece um ponto de partida já direcionado para lidar com a situação atual, além de avançar com o plano e acompanhar os progressos.
Identificar e solucionar problemas com a frustração do cliente diante dos cuidados diários.
Envolver os familiares no planejamento de longo prazo das necessidades emocionais, psicológicas, físicas e sociais.
COMUNICAÇÃO VERBAL PREJUDICADA
Relacionada ao estresse, evidenciada pela comunicação de difícil entendimento.
Planejamento 1: ajudar o cliente a estabelecer uma forma de comunicação para expressar suas necessidades, seus desejos, suas ideias e suas dúvidas.
Plano de ações 1:
Estabelecer relação com o cliente, ouvir atentamente e ficar atento à expressões verbais e não-verbais do cliente.
Manter contato visual , de preferência ao mesmo nível do cliente. Estar atento aos fatores que possam impedir o contato visual.
Simplificar a comunicação utilizando todos os meios de acesso à informações visuais, auditivos e cinestésicos.
Manter uma atitude calma e tranquila. Dar tempo suficiente para o cliente responder.
Determinar o significado das palavras do cliente e a congruência entre a comunicação e as mensagens não verbais.
Validar a comunicação não verbal, não fazer pressuposições.
Fornecer a orientação quanto à realidade respondendo com frases simples , diretas e sinceras.
Proporcionar estímulos ambientais de acordo com a necessidade para manter o contato com a realidade; ou reduzir os estímulos para atenuar a ansiedade, que pode agravar o problema.
Utilizar habilidades de confrontação, quando apropriadas, nos limites da relação estabelecida entre o enfermeiro e o cliente para esclarecer as discrepâncias entre comunicação verbal e não verbal.
PROCESSOS DE PENSAMENTO PERTURBADOS
Relacionado às alterações decorrentes do estresse, evidenciado AP pensamento alterado ou não baseado na realidade.
Planejamento 1: avaliar o grau de disfunção.
Plano de ações:
Avaliar o estado mental desse cliente, se atentando para o grau de disfunção do pensamento, da memória da orientação quanto ao tempo, lugar, individualidade, do discernimento e do raciocínio.
Avaliar o alcance da atenção/ grau de distração e a capacidade de Omar decisões ou solucionar problemas.
Testar a capacidade de receber, enviar e interpretar adequadamente as informações que lhes são dadas.
Verificar se há existência de paranoia, ilusões ou alucinações.
Avaliar o grau de ansiedade do cliente diante de sua situação.
Ajudar o cliente a testar detelhadamente as funções específicas, quando for apropriado.
Planejamento 2: maximizar o nível funcional do pensamento do cliente.
Plano de ações 2:
Ajudar no tratamento das causas subjacentes que são a ansiedade grave e os distúrbios do sono causados por essa.
Realizar as avaliações do nível da consciência e da cognição , como por exemplo confusão, irritabilidade, alterações na capacidade de comunicar-se. O reconhecimento precoce das alterações facilita a realização de modificações proativas nos planos de cuidados.
Determinar os comportamentos que possam indicar a possibilidade de violência e tomar as medidas apropriadas.
Proporcionar medidas de segurança de acordo com a indicação.
Programar atividades estruturadas e períodos de descanso. Isso gera estimulação sem fadiga desnecessária.
Monitorar o regime terapêutico. Verificar se o médico está informando de todos os fármacos que o cliente utiliza, descrevendo possíveis interações/efeitos cumulativos.
Estimular a família / pessoas significativas a participarem do processo de reorientação e informação contínua .
Encaminhar para profissionais apropriados da área de reabilitação, como programas de recondicionamento cognitivo, terapias da fala, recursos psicossociais.
Planejamento 3: gerar um ambiente terapêutico e ajudar o cliente/ família a desenvolver estratégias de enfrentamento (principalmente quando a condição é irreversível).
Plano de ações 3:
Oferecer oportunidades para que os familiaresfaçam perguntas e obtenham informações.
Manter um ambiente agradável e tranquilo, além de abordar o cliente de forma lenta calma.
Fornecer instruções simples utilizando frases curtas e de fácil compreensão.
Ouvir com respeito para transmitir interesse e valorização do cliente.
Manter um relacionamento e um ambiente voltados para realidade.
Apresentar a realidade concisa e sucintamente e não desafiar o cliente com pensamentos ilógicos.
Reduzir os estímulos provocativos, a crítica negativa,a argumentação e o confronto, para evitar a geração de respostas de fuga e ou enfrentamento.
Evitar atividades e comunicação forçadas.
Respeitar a individualidade e o espaço pessoal.
Proprocionar mais tempo para que o cliente responda às perguntas /comentários e tome decisões simples.
Estimular a participação em atividades/grupos de ressocialização, caso estejam disponíveis.
NEGAÇÃO INEFICAZ
Relacionada à intolerância ao estresse, evidenciada geralmente por gestos e comentários, do cliente, de rejeição quando fala sobre os acontecimentos que geram sofrimento.
Planejamento1: ajudar o cliente a lidar adequadamente com a situação.
Plano de ações 1:
Estimular a expressão dos sentimentos , aceitando sem confronto a visão da situação por parte do cliente.
Estabelecer limites ao comportamento inadaptativo, para garantir a segurança do cliente.
Fornecer informações exatas, quando for apropriados, sem insistir para que o cliente aceite o que lhe foi apresentado.
Estimular o cliente a conversar com a família e amigos sobre seus problemas situacionais relacionado ao estresse.
Envolver o cliente em sessões de grupo.
Evitar concordar com afirmações/percepções inadequadas.
Fornecer feedback positivo às mudanças construtivas no sentido da independência para estimular a repetição do comportamento.
RISCO DE VIOLÊNCIA DIRIGIDA A SI PRÓPRIO E À OUTRAS PESSOAS.
Relacionada às crises de ansiedade grave.
Planejamento 1: ajudar o cliente a aceitar a responsabilidade pelo comportamento impulsivo e pela violência potencial.
Plano de ações 1:
Determinar a motivação para o cliente mudar. As situações de crise podem gerar o desejo de mudar, mas requer uma intervenção terapêutica oportuna para sustentar os esforços.
Ajudar o cliente a reconhecer que suas próprias ações podem ser respostas ao medo pessoal, à dependência ou ao sentimento de impotência.
Confrontar a tendência do cliente de minimizar a situação/comportamento.
Identificar os fatores (sentimentos e acontecimentos) envolvidos na geração do comportamento violento.
Conversar sobre o impacto do comportamento nas demais pessoas/consequências dos seus atos.
Reconhecer a realidade do suicídio ou homicídio como uma opção.conversar sobre as consequências das ações , caso elas viessem a deixar de ser apenas uma intenção. Perguntar como isso ajudaria o cliente a resolver seus problemas.
Aceitar a agressividade do cliente sem reagir emocionalmente. Fazer com que o cliente saiba que a equipe estará disponível para ajudá-lo a manter o controle.
Planejamento 2: ajudar o cliente a controlar a sua agressividade.
Plano de ações 2:
Estabelecer um acordo com o cliente com relação à sua segurança pessoal/ à segurança de outras pessoas.
Dar ao cliente o mais amplo controle possível, levando em consideração as limitações da situação específica.
Ajudar o cliente a diferenciar entre realidade e alucinações/ilusões.
Abordar o cliente de forma positiva, agindo como se ele tivesse controle e fosse responsável pelo seu próprio comportamento. Contudo lembre-se de que o cliente pode não ter controle, especialmente sob influência de substâncias psicoativas.
Manter distância e não tocar no cliente quando a situação indica que ele não toleraria essa proximidade.
Permanecer calmo e estabelecer firmemente os limites ao comportamento inadequado.
Orientar o cliente a permanecer no campo de visão da equipe.
Monitorar a ocorrência de interações farmacológicas possíveis e dos efeitos cumulativos do regime terapêutico no organismo (anticonvulsivantes/antidepressivos).
Administrar os medicamentos prescritos como ansiolíticos e antipsicóticos, tendo cuidado de não medicalizar em excesso o cliente.
Planejamento 3: ajudar o cliente/ família a corrigir/lidar com a situação presente.
Plano de ações 3:
Trabalhar em conjunto para realizar as intervenções com as pessoas envolvidas , de acordo com a idade, os relacionamentos, etc.
Manter uma atitude tranquila, prática e imparcial. Isso atenua a resposta defensiva.
Se houver risco grave de homicídio , notificar as vítimas potenciais, de acordo com as diretrizes legais.
Conversar sobre a situação com a pessoa que sofreu o abuso ou a violência, fornecendo as informações exatas sobre as opções e ações que podem ser tomadas.
Ajudar o indivíduo a entender que raiva e sentimentos de vingança são apropriados à situação e precisam ser expressos, mas não concretizados.
PADRÃO DE SONO PERTURBADO
Relacionada ao estresse gerado pela ansiedade, evidenciado por distúrbios ou inexistência de sono.
Planejamento 1: Avaliar o padrão e a disfunção do sono.
Plano de ações 1:
Observar ou obter feedback do cliente/ família sobre o horário habitual de dormir, os rituais/rotinas, o número de horas de sono, a hora em que acorda e as necessidades do ambiente, para determinar o padrão de sono habitual e fornecer dados comparativos.
Determinar as expectativas do cliente/família quanto o que é sono adequado.
Ouvir as queixas subjetivas referentes à qualidade do sono.
Observar sinais físicos de fadiga (p ex agitação, tremores das mãos, fala arrastada).
Elaborar uma tabela cronológica para determinar o ritmo de desempenho máximo.
Planejamento 2: ajudar o cliente a estabelecer padrões de sono e repouso adequados.
Plano de ações 2:
Recomendar a limitação da ingestão de alimentos ricos em açúcares ou cafeína antes de dormir.
Recomendar que o cliente experimente alguns recursos para facilitar o sono como banhos quentes, ouvir sons relaxantes, massagens, dentre outras alternativas.
Administrar cautelosamente barbitúricos ou outros fármacos prescritos para dormir. A utilização desses medicamentos deve ser realizada de forma cautelosa, e quando extremamente necessário pois estudos comprovaram que essa classe de fármacos em excesso provocam distúrbios de sono de rebote.
Desenvolver programas comportamentais para a insônia.
- estabelecer rotinas para deitar-se e acordar.
- procurar ter pensamentos relaxantes quando está na cama.
- não tirar sonecas durante o dia.
- limitar o sono a 7hrs por dia, dentre outras medidas.
PROMOÇÃO DO BEM-ESTAR
A promoção do bem-estar é de muita relevância em toda as etapas do cuidado de todos os sinais e sintomas para um atendimento mais humanizado e integral.
Essa promoção de bem-estar pode ser alcançada através de uma boa relação profissional cliente, somado à um ambiente acolhedor, além de comportamentos éticos com relação ao cliente e sua família.
PROGNÓSTICO
O prognóstico para esse tipo de paciente é de longo prazo, pois as terapias envolvidas, principalmente as relacionadas à fatores comportamentais são um processo de paciência, persistência e dedicação, pois comportamentos não se alteram de uma hora para outra, e o paciente muitas vezes mostra reicidivas das crises ansiosas.De: Francisco Hélio Oliveira Júnior <chico.heliojr@gmail.com>
Data: 19 de setembro de 2014 23:47
Assunto: SAE- PACIENTE COM ANSIEDADE GRAVE
Para: Diego da Rosa Leal <darosaleal.diego@gmail.com>
Seu irmão em Cristo, nosso Senhor.
DIEGO DA ROSA LEAL
Enfermeiro - COREN ID 98607
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